[Fátima e a terceira filha, Rebekka]
Nessa época, Fátima relata que começou a ter vontade de retornar ao Brasil. No entanto, como o pai da criança não permitia que ela deixasse o país com Gabriela, as duas permaneceram no país.
A brasileira conta que, desde então, a Embaixada do Brasil já a havia informado sobre casos em que crianças eram tomadas a força de suas mães pelo Barnevernet, muitas vezes pela iniciativa de seus próprios maridos, que decidiam entregar os filhos para outras famílias ou parentes.
“Esta é uma história muito comum aqui na Noruega, muitas mães passam por isso”, relata Fátima. “Infelizmente, naqueles anos eu estava apaixonada por Jørgen e não dei ouvidos às histórias”.
Segunda filha
Enquanto participava do estágio relacionado a um curso de formação para auxiliares de jardim de infância, Fátima engravidou da segunda filha, Daniella, e foi obrigada a deixar a ocupação, por conta da gravidez de alto risco. Após uma gestação difícil, a pequena Daniella nasceu em 2010 e logo foi diagnosticada com síndrome de Down.
Até então, a brasileira não sofria ameaças explícitas do Barnevernet. Com o nascimento da terceira filha, Rebekka, em 2012, a tutela das crianças começou a ser questionada pelo órgão, sob a justificativa de que a brasileira era “pobre” e não tinha condições psicológicas de cuidar delass - inclusive de Daniella, que era qualificada pelos conselheiros como “doente”.
Fátima foi então intimada a se mudar com as crianças para o Centro Aline Barnevernet, o qual ela descreve como uma “prisão de tortura psicológica”. “Era um local horrível, inteiramente vigilado por câmeras de segurança. Enquanto minhas filhas passavam o dia na creche, eu era obrigada a fazer serviços domésticos, além de sofrer duras ameaças dos conselheiros. Eu não tinha nenhuma liberdade: se quisesse sair da casa brevemente, deveria estar acompanhada de um funcionário.”A brasileira permaneceu na casa por três meses, acompanhada de outras mães que possuíam casos semelhantes, enquanto psicólogos selecionados pelo governo norueguês preparavam um laudo a respeito de seu comportamento. Atenta à possibilidade de ser defrontada com um laudo forjado, Fátima adquiriu equipamentos de vídeo e registrou as duras condições a que era submetida dentro do edifício.
No começo de novembro de 2012, Fátima foi notificada de que deveria comparecer a uma reunião com os conselheiros do Barnevernet, na própria sede do órgão. Ao chegar, a brasileira foi escoltada por policiais e recebeu a informação de que a guarda de suas filhas seria retida pelo governo imediatamente, sem a possibilidade de julgamento.
Desesperada, Fátima seguiu para as escolas infantis onde estavam suas duas filhas mais velhas, Gabriela e Daniela. No entanto, o Conselho Tutelar já havia recolhido as crianças na creche, e invadido a casa de Fátima, sem mandato policial, para levar Rebekka, que se encontrava sob os cuidados de uma amiga.
“Só tive tempo de ver Daniella sendo arremessada para dentro do veículo do Barnevernet por um funcionário, sem nenhum cuidado. Saí correndo atrás do carro para ver se minha filha estava bem e, ao me ver, o conselheiro tutelar que estava conduzindo passou o veículo por cima de mim.” A brasileira conta que tentou fazer boletim de ocorrência, mas que a polícia norueguesa não aceitou seu depoimento. “Aqui a polícia não tem poder, é subjugada aos interesses do órgão governamental”, afirma.
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